Leitura: Lucas 15:1-2
O capítulo 15 do
Evangelho de Lucas começa dizendo que “todos os publicanos e pecadores
estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam:
‘Este homem recebe pecadores e come com eles’” (Lc 15:1-2). Publicanos eram
judeus coletores de impostos que traíam seu povo por trabalharem para o invasor
romano. Pecadores eram judeus com um comportamento contrário à Lei de Moisés,
como prostitutas, homossexuais e ladrões ou mesmo samaritanos e gentios.
Deus havia dado a Lei
a Israel como o padrão divino para o homem, provando assim ser ele era incapaz
de viver segundo este padrão. Isto porque “quem obedece a toda a Lei, mas
tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente. Pois
aquele que disse: ‘Não adulterarás’, também disse: ‘Não matarás’. Se você não
comete adultério, mas comete assassinato, torna-se transgressor da Lei” (Tg
2:10-11). Portanto a Lei só serve para condenar, nunca para salvar. Mas os
fariseus e outros religiosos judeus seguiam exteriormente a Lei como meio de
salvação, vivendo de aparências.
Assim como fizeram
nossos ancestrais no jardim do Éden, o ser humano junta “folhas de figueira
para cobrir-se” (Gn 3:7). Ele tenta parecer exteriormente que está com seu
pecado coberto pelas “folhas” da justiça própria. Folhas são o que
embelezam a árvore, porém se esta não der frutos para nada serve. No Evangelho
de Marcos você encontra o que Jesus fez à árvore sem frutos: “Vendo à
distância uma figueira com folhas, foi ver se encontraria nela algum fruto.
Aproximando-se dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era tempo de
figos. Então lhe disse: ‘Ninguém mais coma de seu fruto’. E os seus discípulos
ouviram-no dizer isso... De manhã, ao passarem, viram a figueira seca desde as
raízes” (Mc 11:13-20).
Quando Adão e Eva perceberam que Deus
vinha ao encontro deles “esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as
árvores do jardim” (Gn 3:8). Ao perceber que suas “folhas” de
justiça própria não serão suficientes aos olhos de Deus o ser humano corre para
a religião, a reunião das “as árvores do jardim”, acreditando que
camuflado entre as “folhas” de outros fique oculto aos olhos de Deus.
Então ele passa a considerar-se melhor que aqueles que não têm uma religião ou
cujos pecados são evidentes, como fazem os fariseus aqui.