quarta-feira, 28 de agosto de 2013

As segundas epistolas

Leitura: 2 Co; 2 Ts; 2 Tm; 2 Pe; 2 Jo;

Para você entender como a Palavra de Deus já previa o abandono da verdade, leia as segundas epístolas. Elas revelam a apostasia que entraria na casa de Deus e nos exorta a nos apartarmos da corrupção. Na Segunda aos Coríntios o antídoto contra o “jugo desigual”, que é a associação e contaminação com judaísmo, paganismo e mundanismo é: “Saiam do meio deles e separem-se, diz o Senhor. Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei” (2 Co 6:17).

Na Segunda carta aos Tessalonicenses alguns distorciam o que Paulo havia ensinado na primeira epístola sobre a vinda do Senhor para buscar sua igreja. Estes alarmavam os irmãos dizendo que o período de tribulação já tinha chegado, enquanto outros paravam de trabalhar para viver à custa dos irmãos. A exortação é: “Se afastem de todo irmão que vive ociosamente e não conforme a tradição que receberam de nós” (2 Ts 3:6). Entenda como “tradição” os costumes ensinados pelos apóstolos, que alguns consideram detalhes insignificantes da Bíblia.

A Segunda epístola a Timóteo trata dos ensinos e doutrinas errôneas, e nela a exortação é para não ficarmos preocupados com quem é ou não de Cristo, pois “o Senhor conhece quem lhe pertence”. A ordem também não é para tentarmos consertar o que está errado, e sim “afaste-se da iniquidade todo aquele que confessa o nome do Senhor” (2 Tm 2:19). Na Segunda Epístola de Pedro você encontra o abandono da piedade na vida prática e o alerta para nos separarmos de pessoas que não andam segundo a verdade. Ali diz: “Guardem-se para que não sejam levados pelo engano dos homens abomináveis, nem percam a sua firmeza e caiam” (2 Pe 3:17).

Finalmente, na Segunda Epístola de João o assunto é o erro doutrinário relacionado à Pessoa de Cristo. O tratamento ali é drástico: “Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho. Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas” (2 Jo 1:11).

Digno de nota é também o que o apóstolo Paulo escreve em sua última epístola a Timóteo, pouco tempo antes de ser martirizado: “Todos me abandonaram” (2 Tm 4:16). Seria isto um indício de que nos últimos dias a doutrina dada pelo Espírito a Paulo -- a saber, a doutrina das coisas relativas à igreja -- seria a mais atacada? Sim, e não é preciso muito conhecimento da Palavra para perceber que o que hoje é chamado de “igreja” não passa de uma triste caricatura do que Paulo ensinou.

A epístola de Judas não é uma segunda epístola, mas nas edições modernas da Bíblia ela vem antes de Apocalipse, que relata o fim. Ela nos ajuda a entender o caráter dos homens apóstatas que precedem o aparecimento do verdadeiro anticristo,

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Chamados para fora

Leitura: Atos 15:13       

Para se entender a Bíblia é preciso enxergar a diferença entre o modo de Deus tratar com Israel e com a Igreja. A antiga dispensação girava em torno de uma nação, Israel, enquanto a nova diz respeito ao corpo de Cristo, a Igreja. Nenhum outro povo havia recebido a Lei, mas apenas uma nação, Israel, por isso os privilégios da Lei eram destinados mais à nação do que ao indivíduo. Em tempos de ruína Deus tratava particularmente com indivíduos, mas sempre tendo em vista seu lugar numa nação eleita para habitar numa terra, Israel.

Na nova dispensação não existe qualquer característica nacional na Igreja. Ao contrário da Lei, que fora dada exclusivamente a um povo, o evangelho agora é pregado a todas as nações. A Igreja não é nacional e nem internacional ou mundial, mas é independente das nações. Ela é extranacional e chamada para fora do mundo. Por isso Atos 15:14 revela que Deus está tirando de entre as nações um povo para si: “Deus... visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”. Repare que a passagem diz “dentre eles”, ou seja, a Igreja não é tampouco um agrupamento de gentios, mas de pessoas tiradas de entre gentios e judeus.

A igreja é um povo distinto e separado, e é neste sentido que Pedro a chama de “nação santa” (1 Pe 2:9). Hoje, ao olhar para o mundo, Deus vê três classes de pessoas: judeus, gentios e igreja. Por isso Paulo escreveu: “Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus” (1 Co 10:32). Pense na Igreja como um contêiner sendo preparado para exportação. Assim que for colocado nele o último item comprado por Cristo, o contêiner será despachado para o céu.

A Igreja é representada na Bíblia como “um rebanho”, “um corpo”, uma “casa espiritual”, um “sacerdócio santo” e também como uma “família” formada pelos filhos de Deus (Jo 10:16; 1 Co 12:13; 1 Pe 2:5; 1 Jo 2:13; 3:1). Ao contrário de Israel, iniciado com um povo, a Igreja começou com pessoas salvas em sua individualidade e que vão sendo acrescentadas ao corpo de Cristo, ao rebanho do verdadeiro Pastor, ao sacerdócio santo e à casa e família de Deus. Este caráter individual é representado por termos como “membros” do corpo de Cristo ou “pedras vivas” da casa de Deus. Mas Deus enxerga a Igreja como um só corpo.

Na Bíblia você nunca encontra a expressão “membro da igreja”. O salvo é membro do corpo de Cristo e é acrescentado a ele pelo próprio Senhor, e não pelo batismo ou por alguma organização. Apenas os salvos por Cristo, que tiveram seus pecados perdoados e foram selados com o Espírito Santo, são membros do corpo de Cristo. Você deve estar se perguntando: “Se a Igreja não é uma continuação de Israel, e sim um povo distinto, então o seu modo de adorar a Deus não deveria ser diferente?” Sim Sim logico

Das sombras para a realidade

Leitura: João 4:20-24

Em sua conversa com a mulher samaritana, Jesus apontou uma mudança radical no modo e lugar de adoração a Deus. Os judeus adoravam em um Templo em Jerusalém, o único lugar autorizado por Deus para a adoração. Porém Jesus disse à samaritana: “Está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23). A carta aos Hebreus ratifica essa mudança, ao deixar de lado o antigo sistema de adoração do judaísmo. Em seu capítulo 13 diz:

“Nós temos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. O sumo sacerdote [do judaísmo] leva sangue de animais até o Santo dos Santos, como oferta pelo pecado, mas os corpos dos animais são queimados fora do acampamento. Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada” (Hb 13:10-16).

Hoje o cristão não possui um sistema religioso para adorar a Deus, como tinham os israelitas em sua adoração baseada em rituais que eram sombras das coisas que viriam. A igreja adora com base em realidades já consumadas. Por mais preciosas que fossem as sombras e figuras da antiga dispensação, o cristão tem o privilégio de se ocupar com a realidade para a qual as figuras apontavam: Cristo. “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos” (Hb 10:1). Em Cristo as sombras se tornaram realidade, o Espírito a revelou aos apóstolos e o crente agora pode contemplar esta realidade com os olhos da fé. “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4:18).

No Antigo Testamento as bênçãos eram condicionais e terrenas. Hoje Deus já “abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3) a todos os salvos pela fé em Jesus. A esperança dos israelitas estava na terra e a promessa para Israel era de ser um canal de bênção para todas as nações terrenas. A Igreja é a noiva do Cordeiro e todas as suas promessas e esperanças residem nos céus, onde Cristo está assentado à destra de Deus.

Mas quando teria ocorrido essa mudança tão radical, isto é, quando foi que Deus deixou Israel de lado por um tempo para que o período da Igreja tivesse início?