ATRIBUTOS DE DEUS
Parte 1 (d)
Cognoscível mas não completamente
compreensível
Em primeiro lugar é importante termos em mente que ninguém
pode compreender completamente Deus e nenhuma criatura pode conhecer tudo a
respeito do Criador. Deus é parcialmente cognoscível ou conhecível, mas não é
compreensível (Rm 11.33; I Tm 6.16). Deus pensa pensamentos que nós não somos
capazes de pensar, Ele pensa aquilo que não podemos compreender (Is 55.8,9).
Não podemos, realmente, conhecer tudo sobre Deus porque só podemos ter uma
idéia do desconhecido por meio de comparações com aquilo que conhecemos, e Deus
não é comparável a nada que conhecemos. Por outro lado, a Bíblia diz que
podemos e precisamos conhecer a Deus (Mt 11.27; Jo 17.3). A nossa criação à
imagem e semelhança de Deus não nos permite saber como Deus é, mas apenas nos
permite ter uma fraca idéia de algumas características humanas que se
assemelham, de longe, a alguns aspectos do Seu Ser. Certamente, sendo infinito,
Deus apresenta características que nós não conseguimos nem imaginar que possam
existir. Todavia, podemos conhecer algo a respeito dEle por meio de
características que Ele mesmo nos diz que compartilhamos, ainda que fracamente,
com o Seu Ser e, também, por aspectos daquilo que Ele nos revela sobre Si
mesmo. O simples conceito de que Deus é, em parte, cognoscível, mas não é
compreensível, tem grandes implicações para a nossa atitude futura a respeito
daquilo que estudamos a respeito dEle. Creio que praticamente todos os cristãos
concordam em que Deus, embora cognoscível, não seja compreensível pela mente
humana. Isso implica em que muitas das coisas que Ele nos revela sobre Si mesmo
podem estar além da nossa compreensão. Todavia, é extremamente comum
encontrarmos irmãos que têm dificuldade de aceitar certas revelações de Deus,
como, por exemplo, a existência do Deus único em três Pessoas, a soberania
absoluta de Deus e a responsabilidade do homem ou as naturezas divina e humana
de Jesus. Parece que podemos ver que, separadamente, todas são verdades
reveladas nas Escrituras, mas muitos têm dificuldade de aceitá-las como
verdadeiras ao mesmo tempo. Quando alguém questiona esse tipo de revelação
está, na verdade, dizendo, implicitamente, que Deus não é incompreensível, mas
que nós deveríamos ser capazes de compreender tudo o que Ele nos revela.
Muitos, sem o perceber, formam um conceito de Deus a partir de suas próprias
observações e conclusões, deixando de lado aquilo que Deus diz a respeito de Si
mesmo. Há os que, por não aceitarem que um Deus infinitamente bom e
infinitamente poderoso pudesse permitir que houvesse tanta injustiça no mundo, chegam
à conclusão de que Deus não é justo, ou não é bom, ou não é todo-poderoso ou,
pior ainda, podem concluir que Deus não exista. Todas essas atitudes refletem a
não crença na incompreensibilidade de Deus e na possibilidade de que Ele tenha
pensamentos que não podemos ter (Is 55.8,9). Pelo que vimos acima, podemos
compreender a importância do conceito que formamos a respeito de Deus como base
para todo o estudo do restante da teologia. Daí ser indispensável o estudo
cuidadoso daquilo que Deus revela a respeito de Si mesmo. Precisamos, todavia,
estar atentos para não formarmos um conceito de Deus diferente daquilo que Ele
mesmo nos revela. “Entre os pecados para os quais se inclina o coração humano,
nenhum é mais odioso para Deus do que a idolatria; pois no fundo a idolatria
difama o caráter divino. O coração idólatra entende Deus de maneira diferente
do que Ele realmente é... A essência da idolatria está nas idéias indignas que
temos a respeito de Deus... Os conceitos errados a respeito de Deus não são apenas
as fontes das quais jorram as águas poluídas da idolatria – são, em si mesmos,
idólatras... A mais pesada responsabilidade da Igreja em nossos dias está em
purificar e elevar o seu conceito de Deus” (A.W.Tozer).
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