Leitura: Lucas
22:14-20
Após perguntarem ao Senhor, e seguirem
suas instruções de onde ele queria que preparassem a Páscoa, só faltava Jesus. “Chegada
a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: Tenho
desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.” (Lc
22:14-15). Cristãos não celebram a Páscoa, mas o mesmo privilégio de desfrutar
de sua presença têm hoje os que lhe obedecem na forma e lugar de celebrar a
Ceia do Senhor. Quando reunidos ao seu nome pelo Espírito Santo, “chegada
a hora” o Senhor se põe no meio.
Aqui ele come “o pão da
aflição” sem fermento e o cordeiro cozido da Páscoa judaica como
qualquer outro judeu. O cálice não fazia parte da instituição original da
Páscoa dada por Deus no Antigo Testamento, mas era um costume introduzido pelos
judeus. “O vinho alegra o coração do homem” (Sl 104:15), mas
para Jesus não há motivo para alegria. Esta será sua última Páscoa. Em questão
de horas ele será imolado como um Cordeiro no holocausto do juízo divino. “Pois
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado.” (1 Co 5:7).
A Páscoa só voltará a ser celebrada
quando Israel for restaurado e Cristo reinar sobre o seu povo, tendo sua Noiva,
a Igreja, reinando consigo. Mas neste momento ele se abstém do vinho e da
alegria. Por isso, “recebendo um cálice, ele deu graças e disse: ‘tomem
isto e partilhem uns com os outros. Pois eu lhes digo que não beberei do fruto
da videira até que venha o Reino de Deus.” (Lc 22:15-16).
Lucas abre agora um parêntese na
celebração da Páscoa para a instituição da Ceia do Senhor, esta sim destinada à
Igreja. Digno de nota é a diferença dos verbos gregos usados na passagem. Jesus
‘recebe’ de alguém o cálice da Páscoa, pois este é o sentido do verbo
‘receber’. Já que a Páscoa não tinha nada de novo, o que ele faz é apenas uma
continuidade do que era feito há séculos. Porém ele ‘toma’ o pão, e de igual
modo o cálice. No grego o verbo ‘tomar’ tem o sentido de uma iniciativa dele.
Ninguém lhe passa o pão ou o cálice da Ceia do Senhor. É algo novo que ele acaba
de instituir.
Jesus come a Páscoa, mas não come do
pão e nem bebe do cálice da Ceia do Senhor. Ele apenas os entrega aos
discípulos, pois em sua Ceia ele é o anfitrião e os discípulos são convidados.
Assim é hoje, quando cristãos são congregados pelo Espírito para recordar o
Senhor e anunciar a sua morte, não para repetir rituais judaicos.
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