terça-feira, 30 de julho de 2013

Uma nova dispensacao


Leitura: Atos 2:1-8

A morte de Cristo marcou o fim do período em que Deus tratou com Israel como nação. Sua ressurreição e a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes para habitar neste mundo deram início à atual dispensação. Naquele dia os discípulos de Jesus estavam reunidos num só lugar quando o Espírito Santo desceu e os batizou em um só corpo, não apenas os que estavam ali, mas a todos os que depois viriam a ser salvos por Cristo. Portanto, quando você ouvir alguém falar em “ser batizado com o Espírito Santo”, entenda que esse batismo já aconteceu ao formar o corpo de Cristo, a Igreja, conforme lemos no Livro de Atos:

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo. Ouvindo-se este som, ajuntou-se uma multidão que ficou perplexa, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua” (At 2:1-8).

Que esse batismo só ocorreu uma vez, e nele estão incluídos todos os que viriam a crer em Jesus, está bem explicado por Paulo em sua carta aos Coríntios. Os cristãos em Corinto eram gregos convertidos a Cristo que não estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes. Mas ao escrever a eles Paulo revela que haviam sido batizados em um só Espírito formando um só corpo. Paulo diz: “Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito (1 Co 12:12-13). Se o batismo no Espírito ocorresse todas as vezes que alguém recebesse o Espírito Santo, como acreditam alguns, isto significaria que um novo corpo de Cristo estaria sendo formado a todo momento, o que seria um erro grave.

Portanto entenda que hoje, quando alguém é salvo por Cristo, não ocorre outro “batismo no Espírito”, pois este ocorreu uma vez e vale para todos. O crente que hoje recebe o Espírito Santo para habitar em si está sendo selado, e não batizado, com o Espírito. Paulo explicou isto aos Efésios: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.” (Ef 1:13-14).

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Corpo Casa e Noiva


Leitura: Efésios 1:20-23

A carta aos Efésios diz que, depois de ressuscitar a Cristo e fazê-lo assentar-se “à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir, Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou como cabeça de todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância” Ef 1:20-23. Portanto, a Igreja representa a Cristo neste mundo durante o tempo de sua ausência e rejeição, sendo ela agora a rejeitada por sua associação a ele.

Satanás queria livrar-se de Cristo e expulsá-lo da terra, porém Jesus continua aqui representado por seu povo. Aquele que perseguir a Igreja estará perseguindo a própria Pessoa de Jesus, pois foi isto que ele disse a Paulo, que perseguia os cristãos: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” (At 9:4). Além de ser o corpo de Cristo na terra, enquanto a Cabeça está no céu, a Igreja também é a casa de Deus, “um santuário santo no Senhor”, no qual os salvos “estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito” (Ef 2:21-22).

A Igreja é também vista na Bíblia como a Noiva que Deus planejou para o seu Filho, uma companhia que pudesse desfrutar de tudo o que Cristo possui na glória celestial. Um casal formado por um homem e uma mulher representa essa união de Cristo com sua Noiva, a Igreja. É por isso que, ao exortar os maridos a amarem suas esposas, Paulo revela estar falando figuradamente de Cristo e da Igreja. É por isso também que qualquer tentativa de desfigurar o matrimônio é uma abominação aos olhos de Deus, cujo plano era que a relação homem-mulher representasse a relação entre o seu Filho e sua Esposa. Em Efésios diz:

“Os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo. Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne. Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja” (Ef 5:28-32).

Esta união de Cristo com sua Noiva é vista em algumas passagens do Livro de Apocalipse, e narrada em forma de júbilo, como ocorre também nas núpcias entre um homem e uma mulher. Veja este exemplo: “‘Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro. O linho fino são os atos justos dos santos’. E o anjo me disse: ‘Escreva: Felizes os convidados para o banquete do casamento do Cordeiro!’” (Ap 19:7).

De servos a filhos


Leitura: João 20:17

Outro contraste que encontramos entre a antiga e a nova dispensação está no conhecimento de Deus como Pai, algo que um judeu não podia desfrutar. Isto foi completamente revelado em Cristo e é um dos maiores privilégios do cristão. No Evangelho de João diz que “ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (Jo 1:18). Em sua carta o mesmo João fala de Jesus como sendo “o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:20).

No Antigo Testamento os israelitas celebravam sacrifícios que eram “uma recordação anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados” (Hb 10:3-4). A eles era apenas prometido que Deus iria prover um Cordeiro para tirar o pecado, porém só no futuro. O cristão tem, ao invés de promessas, o fato da redenção já consumada. É como se Israel tivesse apenas uma nota promissória, porém a Igreja desfrutasse do resgate do valor prometido.

Outra diferença é que na antiga dispensação um israelita podia contar apenas com a influência do Espírito Santo ou sua atuação eventual em si mesmo. Agora o Espírito habita permanentemente no cristão. Aos seus discípulos, ainda no período dos evangelhos em que vigorava o judaísmo, Jesus disse que o Espírito Santo estava com eles, mas que em breve viria habitar neles. A passagem está em João 14:16 e diz textualmente: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro [ou Consolador] para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês”.

Outro privilégio que Israel não tinha, mas agora a Igreja tem, é o de não sermos mais servos de Deus, porém filhos. Esta revelação gradual você encontra nos evangelhos. “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (Jo 15:15). Isto Jesus disse antes de morrer, mas após a ressurreição ele revela a Maria Madalena o novo relacionamento do qual podemos desfrutar: “Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (Jo 20:17).

Por tudo isto e muito mais que você encontra nas Escrituras, como alguém poderia querer voltar às velhas práticas da lei ou dos rituais judaicos agora que estamos do lado de cá da cruz? Por que buscar no Antigo Testamento um modelo de adoração com aqueles que não podiam ter a certeza de sua salvação, que precisavam de um templo de pedras, de instrumentos musicais e de muito ouro para adorar? Como buscar bênçãos terrenas agora que “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”? (Ef 1:3).