domingo, 27 de novembro de 2016

De Adao a Cristo

Pedreiro

Leitura: Marcos 4:41

É difícil conceber uma imagem de maior desolação que a da “terra sem forma e vazia”, quando “trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.” (Gn 1:2). Tal desolação não fazia jus à perfeição de Deus, “que moldou a terra e a fez, ele a fundou; ele não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada” (Is 45:18). A queda dos anjos transtornou a Criação original, e tudo virou um caos.

Logo Deus prepararia a terra para um novo ser, macho e fêmea, aos quais chamaria de homem ou “Adão” (Gn 5:2). Mas a história se repetiu e, por causa da rebelião do homem, “as comportas do céu se abriram”(Gn 7:11) e Deus derramou um dilúvio de juízo sobre a terra. O juízo é uma obra estranha — ainda que necessária — a um Deus de amor cuja real intenção é “abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las” (Ml 3:10). Mas antes de ele abençoar, algo precisava ser feito em relação ao pecado que manchou a Criação.

Séculos mais tarde “abriram-se os céus” para o profeta Ezequiel, e este viu “uma figura que parecia um homem” (Ez 1:1, 26). No primeiro capítulo do Evangelho de Marcos você viu os céus se abrirem para Jesus, agora na terra, e ouviu a voz do Pai dizer: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Você viu também a terceira Pessoa da Trindade, “o Espírito descendo como pomba sobre ele” (Mc 1:9-11), antes de enviá-lo ao deserto para ser testado pelo diabo e provar ser impermeável ao pecado. Poucos anos mais tarde Estêvão, prestes a ser martirizado, diria: “Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus” (At 7:56). O capítulo 4 do Evangelho de Marcos termina com os discípulos de Jesus apavorados e perguntando uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4:41). Você sabe responder a esta pergunta, não sabe?

“Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas” (Ef 4:10), escreveria depois Paulo. Entre um evento e outro temos a cruz, quando das trevas de um céu fechado para o Filho de Deus caiu juízo. Se o “primeiro homem, Adão” falhou, o último Adão não podia falhar. “O primeiro homem era do pó da terra; o segundo Homem do céu”. Percebe que “os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial”“Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial”, pois “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível.” (1 Co 15:45-50).

Intriga da oposicao

Pintor

Leitura: Marcos 5:1-4


Jesus e os discípulos “atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo veio dos sepulcros ao seu encontro. Esse homem vivia nos sepulcros, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes; pois muitas vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as correntes e quebrara os ferros de seus pés. Ninguém era suficientemente forte para dominá-lo.” (Mc 5:1-4).

Sempre que Deus está para agir e trazer bênção não espere que os poderes das trevas fiquem sossegados. No capítulo anterior o inimigo usou do vento e das ondas para impedir o barco de chegar ao seu destino. Alguns anos depois Paulo escreveria aos cristãos em Corinto: “Permanecerei em Éfeso... porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora; e há muitos adversários.” (1 Co 16:8-9). Esses adversários ele já havia mencionado no capítulo anterior:  “Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mortos não ressuscitam, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morreremos’.” (1 Co 15:31-32).

Se essas ‘feras’ eram animais ou humanas, não sei. A lição não é que ‘tudo vale a pena quando a alma não é pequena’, mas que tudo vale a pena quando a glória da ressurreição não é pequena. Nossa travessia pela vida pode enfrentar ondas e tempestades, e termos de lidar com servos do diabo como o homem possesso deste capítulo. Homens maus podem querer nos deter por causa do ódio que destilam contra Cristo e os que lhe pertencem. Que importa? Esta vida não é a única vida que temos. Se fosse, faríamos bem em nos esquivar dos problemas que acompanham o testemunho cristão e, como diz Paulo citando a filosofia grega hedonista dos epicureus, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morreremos’.

Se você não entende a razão de alguns viverem tão apegados às coisas desta vida, lembre-se de que para esses esta é a única vida que conhecem. Sem Cristo o destino deles é de morte, lançados nas trevas exteriores onde ficarão sós eternamente, sem qualquer companhia e sofrendo as agruras do lago de fogo do juízo eterno. Quão diferente seria se tivessem um breve vislumbre do destino que lhes espera, ou talvez da real imagem que Deus tem deles. A mesma deste homem possesso que vive nos sepulcros e que as correntes não são capazes de dominar sua rebelião e vontade própria.

Demonios religiosos

Encanador

Leitura: Marcos 5:2-5

“Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo veio dos sepulcros ao seu encontro. Esse homem vivia nos sepulcros, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes; pois muitas vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as correntes e quebrara os ferros de seus pés. Ninguém era suficientemente forte para dominá-lo. Noite e dia ele andava gritando e cortando-se com pedras entre os sepulcros e nas colinas.” (Mc 5:2-5).

Que terrível imagem esta do homem em seu estado natural, “sem Cristo... sem esperança e sem Deus no mundo... morto em suas transgressões e pecados... [seguindo] a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência... satisfazendo as vontades da carne, seguindo os seus desejos e pensamentos... por natureza merecedores da ira.” (Ef 2:12, 1-3). Todavia nem eu, nem você, nos enxergamos tão maus assim, pois viemos ao mundo sem as lentes de Deus para termos uma visão clara das coisas.

Deus, porém, revela em sua Palavra o que realmente somos aos seus olhos. “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.”(Hb 4:12-13).

O homem possesso traz as características de todo ser humano, adquiridas com a queda. Morte — “veio dos sepulcros” —, rebelião —  “ninguém conseguia prendê-lo” — e falta de domínio próprio — “lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as correntes e quebrara os ferros de seus pés”. Ao escrever que “ninguém era suficientemente forte para dominá-lo” obviamente Marcos se referia a seres humanos. Mas 2 Pedro 2:19 diz que “aquele que é vencido fica escravo do vencedor”, e foi esse o resultado de Eva ter sucumbido à mentira do diabo e Adão ter se aliado a ela. “Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que, tendo sido enganada, tornou-se transgressora.” (1 Tm 2:14).

Miseravel homem que sou!

eletricista

Leitura: Marcos 5:6-8


Foram em vão as tentativas de controlar o homem endemoninhado, e do mesmo modo eu e você, nascidos e criados em pecado, não podíamos ser reformados pela Lei de Moisés. A Lei só revela o mal existente no homem, como explica o apóstolo Paulo: “Na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: ‘Não cobiçarás’... de modo que por meio do mandamento o pecado se mostrasse extremamente pecaminoso... Sabemos que a Lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado... Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne... Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Rm 7:7, 13, 14, 18, 24).

Será que você já deu esse mesmo grito desesperado em busca de libertação? Já percebeu que está cercado de morte, como o possesso de nosso capítulo, incapaz de se controlar ou ser controlado, a não ser por sua própria carne e pelo diabo “que agora está atuando nos que vivem na desobediência”? (Ef 2:1-3). Acaso já se sentiu como o profeta Jeremias, quando declarou: “Eu me arrependi, depois que entendi, bati no meu peito. Estou envergonhado e humilhado porque trago sobre mim a desgraça da minha juventude.”? (Jr 31:19).

“Miserável homem que sou!” deveria ser sua exclamação ao se enxergar um zumbi de filmes de terror. Deus não encontrou nada em você e em mim que lhe agradasse, por isso precisou enviar a Jesus para nos libertar. É o que ele fará com este endemoninhado, que “noite e dia andava gritando e cortando-se com pedras entre os sepulcros e nas colinas.” (Mc 5:5). O possesso corre e se prostra diante de Jesus, mas sua aparente adoração é falsa. Ele quer Jesus longe de si. “‘Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes!’. Pois Jesus lhe tinha dito: ‘Saia deste homem, espírito imundo!’” (Mc 5:6-8).

Nos evangelhos os únicos que se dirigem a Jesus sem dizer “Senhor”antes do nome são os demônios. Mas eles sabem que ele é o Filho do Deus Altíssimo, um Ser divino, Deus e Homem. Que tal você agora dar o passo impossível aos demônios, que nunca poderão ser salvos da condenação eterna? Você pode agora mesmo se diferenciar deles e escapar do “fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos” (Mt 25:41). “Se confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo... pois “todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome”(Rm 10:9; At 10:43).

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Segredos de familia

Leitura: Marcos 4:33-34

Marcos explica que “com muitas parábolas semelhantes Jesus lhes anunciava a palavra, tanto quanto podiam receber. Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo.” (Mc 4:33-34). Em Lucas 8:10 Jesus explica que aos discípulos “foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus, mas aos outros” ele falava por parábolas “ para que ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não entendam.”. A Palavra de Deus só faz sentido entre irmãos, membros de uma mesma família, filhos de um mesmo Pai.

Se para a multidão Jesus falava em parábolas, na intimidade da comunhão com seus discípulos ele “explicava-lhes tudo”. Mas eles ainda não podiam receber tudo, pois não estavam capacitados. Por isso em outro evangelho ele diz: “Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora. Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês.” (Jo 16:13-15). 

Se você acha que sabe alguma coisa por possuir um diploma de teólogo ou título eclesiástico, saiba que tudo o que adquiriu na faculdade ou recebeu por ordenação humana são conhecimento e status humanos. Você não tem qualquer vantagem sobre um semianalfabeto crente em Cristo que, pelo Espírito e através dos dons que ele deu à Igreja, aprende da Palavra de Deus, podendo ele mesmo ministrar segundo o dom que recebeu. Paulo explica isso em sua carta aos Coríntios, uma assembleia de cristãos orgulhosos de seu elevado padrão teológico, socioeconômico e cultural:

“Quem dentre os homens conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, comunicando coisas espirituais por meios espirituais. O homem natural não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente.” (1 Co 2:11-14).

Nenhum mar de rosas

Leitura: Marcos 4:35-36                                           pintor

“Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: ‘Vamos atravessar para o outro lado’. Deixando a multidão, eles o levaram no barco.” (Mc 4:35-36). Neste capítulo 4 de Marcos vimos que o Semeador semeia a semente e se ausenta enquanto ela germina, cresce e dá fruto. Assim o crente em Cristo é deixado no mundo para seu testemunho frutificar, enquanto aguarda a vinda daquele que prometeu voltar. Porém mesmo em sua ausência podemos contar com sua companhia no mesmo “barco” em que navegamos pelas ondas agitadas desta vida.

Se um dia você decidiu crer em Cristo como Senhor e Salvador também deve ter decidido que era bom segui-lo aonde quer que fosse levado por ele. Afinal, quem mais seria tão digno de confiança quanto aquele que morreu e ressuscitou por você? Ele jamais seria capaz de pedir a você para segui-lo em alguma enrascada. Ou seria? Quando Jesus diz aos discípulos “vamos passar para o outro lado” nenhum deles imagina que isso os levará literalmente para o olho do furacão. Mas veja o que mais diz a passagem: “Eles o levaram no barco”. Jesus diz aonde devem ir, mas deixa que os discípulos o levem no barco. Aonde quer que o Senhor queira nos levar, seu desejo é que nós o levemos conosco. Se não pudermos, por assim dizer, “levá-lo no barco” é melhor nem sairmos do porto.

Se alguém prometeu a você que depois de convertido sua vida seria um mar de rosas, essa pessoa mentiu. Depois de salvo pela fé em Cristo você se vê em um mar hostil onde o príncipe das potestades do ar, o diabo, é capaz de produzir ventos e ondas para criar tempestades apavoradoras. Deus permite isso para provar e fortalecer sua fé. Se dermos uma olhada no próximo capítulo tudo fará sentido. Satanás não queria de modo algum que Jesus chegasse lá, pois era onde ele iria libertar um homem possesso de uma legião de demônios. Não havia lugar mais seguro para os discípulos estarem naquele momento além do barco abatido pelo vendaval e pelas ondas. Eles estavam com Jesus e Jesus estava com eles.

O versículo 36 diz que “havia também com ele outros barquinhos”. Eles não tinham Cristo a bordo, mas estavam sendo assolados pelo mesmo temporal. Eu acredito que isto nos fale daqueles que são indiretamente abençoados por nossa fé. Ainda que não tenham crido em Jesus para sua própria salvação, são influenciados por aqueles que creem ao seu redor. Eles certamente ouvem falar de Cristo e da salvação que é resultado de sua Palavra poderosa. E aí podem se converter e tê-lo a bordo de suas vidas.

Muita calma nessa hora

Leitura: Marcos 4:37-39

“Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água. Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: ‘Mestre, não te importas que morramos?’ Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Aquiete-se! Acalme-se!’ O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?’ Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: ‘Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?’”. (Mc 4:37-41).

Os discípulos aqui não estão apenas sob o ataque dos elementos da natureza, mas de Satanás, que sabe que Jesus dirige-se para a região dos gadarenos, onde um homem será liberto de uma legião de demônios. Quando Deus permitiu que Satanás tocasse em tudo o que Jó possuía, o diabo fez isso manipulando os homens e os elementos. “Um vento muito forte veio do deserto e atingiu os quatro cantos da casa, que desabou”(Jó 1:19) matando os filhos e filhas de Jó que participavam de um banquete. Não se esqueça de que o poder do diabo é tão grande que na tentação conseguiu transportar Jesus do deserto a um lugar alto, portanto não é impossível que tenha sido ele aqui também a criar esta tempestade.

Todavia, se existe o poder das trevas, existe aquele que é mais poderoso que o diabo. Por meio de Jesus e para Jesus todas as coisas vieram a existir a partir do nada, e se os discípulos realmente conhecessem quem eles tinham levado para dentro do barco, não se preocupariam ao vê-lo dormindo enquanto o vento e o mar rugiam ferozes ao redor. Acaso não é ele quem sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1:3)? Basta ele falar para o vento, as ondas e os corações sossegarem.

Será que você já provou desse poder quando uma passagem da Bíblia foi suficiente para aquietar seu coração? “Não andem ansiosos por coisa alguma” — diz a Palavra — mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” (Fp 4:6-7). A Bíblia fala da “paz de Deus” e também do “Deus da paz” (Fp 4:9). Você não pode ter uma sem a outra. Sobre Cristo na cruz caiu a tormenta do juízo divino por causa do pecado, e Deus oferece fazer ‘as pazes’ com você somente se você crer em Jesus. Caso contrário a previsão do tempo para sua vida é de uma eterna tormenta.

Predestinou

Leitura: Marcos 4:37-39


Os discípulos ficam surpresos e atemorizados diante daquela manifestação de poder que saiu dos lábios de Jesus, que fez o vento e o mar sossegarem. “Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Aquiete-se! Acalme-se!’ O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?’ Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: ‘Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?’.” (Mc 4:39-40). Se você crê realmente que Jesus, na cruz, pagou por você a pena que era devida ao pecado, então já tem sua salvação assegurada pelo sangue derramado no Calvário. Acaso haveria algo ou alguém com maior poder?

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.” (Rm 8:28). Não é pouca coisa você ter sido predestinado por Deus para ser conforme à imagem de seu Filho. A ordem dos eventos é a que o apóstolo Paulo descreve nesta passagem da carta aos Romanos: “Pois aqueles que [1] de antemão conheceu, também [2] os predestinoupara serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também [3] chamou; aos que chamou, também [4] justificou; aos que justificou, também [5] glorificou.” (Rm 8:29-30).

“Ah!”, dirá você, “Mas eu não acredito em predestinação!”. Ok, então apague o termo “predestinou” e limite Deus a apenas ter conhecido você de antemão deixando o resto para você fazer. O problema é que se você rejeitar o “predestinou” perderá a certeza de ser feito “conforme à imagem” de Cristo, pois aí diz que foi para isso que Deus predestinou. E esqueça a ideia de ter sido chamado por Deus, porque aí diz que isso ele fez aos que predestinou. Você também terá de eliminar de sua agenda sua justificação e a certeza de ser glorificado, pois tudo faz parte de um só pacote que Deus prometeu aos que “de antemão conheceu... predestinou... chamou... justificou... e glorificou”.

Ao duvidar da capacidade de Deus, é a vez de ele lhe perguntar: “Quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?’... O Oleiro não tem direito de... tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também chamou”? (Rm 9:19-24).

Pecadores radioativos

Leitura: Marcos 4:37-39


Libertados de uma tormenta, os discípulos no barco “estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: ‘Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?’.” (Mc 4:41). Tinham acabado de ver um Jesus perfeitamente humano, quando “estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro” (Mc 4:38), e perfeitamente divino, quando “se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Aquiete-se! Acalme-se!’ O vento se aquietou e fez-se completa bonança” (Mc 4:39). Qual é o problema deles? Como muitos religiosos hoje, ocupam-se com Jesus, mas não o conhecem.

Se você não conhece quem é Jesus e o que realmente fez não pode ter certeza da salvação eterna, e por eterna falo de uma salvação impossível de ser perdida. Antes de sair por aí berrando nas praças com uma Bíblia na mão, é melhor fazer a lição de casa, pois alguém poderá perguntar se você tem certeza de ir para o céu. O que você responderá? Que não é “como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros”? Que jejua “duas vezes por semana” e dá “o dízimo de tudo” quanto ganha? O fariseu que se gabava de seus feitos saiu perdido da presença de Deus. O publicano, que “nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’”, saiu justificado (Lc 18:9-14).

A versão moderna daquele fariseu são os que confiam em sua própria justiça e, de nariz empinado, se acham mais justos e santos do que os que não frequentam a mesma congregação e seguem sua mesma lista de regras. Se for mulher, talvez acredite que seu cabelo, roupa ou ausência de cosméticos a torne melhor que a pecadora que “trouxe um frasco de alabastro com perfume, e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.” (Lc 7:37-38).

Deus não liberta você das cadeias eternas por bom comportamento. Sua salvação só pode ser recebida por graça, não como recompensa por sua religião, modo de vestir ou perseverança. Tudo isso vem de você, mas a salvação vem de Deus e só é dada aos que se veem tão pecadores quanto incapazes de serem salvos por seus próprios meios. Nas siderúrgicas a sucata passa por um detector de radiação antes de ser transformada na panela de sua cozinha. Metais usados em processos radioativos devem ser eliminados. Eu e você somos a sucata que Deus quis transformar em ouro. A menos que você entenda a real contaminação de seu pecado e que nada do que é seu serve para Deus, não irá entender o valor da obra de Cristo.

você chegou muito atrasado

Leitura: Marcos 4:37-39

Um dia tentei pagar uma conta pela Internet e no site do banco apareceu um aviso dizendo que ela já tinha sido paga. O sistema detectou que eu tentava introduzir um código de barras repetido. Fez-me lembrar da história de um homem rico na Europa do século 16, quando era comum dar dinheiro ao Papa em troca de indulgências. Esse homem saiu viajando e perguntando a clérigos e leigos o que precisava fazer para ser salvo. As respostas que recebia não traziam paz ao seu coração. Finalmente alguém lhe indicou um dos ‘reformadores’ que teria a resposta, pois surpreendentemente afirmava estar salvo eternamente pela fé em Jesus.

Ao se encontrar com o tal homem prometeu fazer o que fosse preciso, e pagar qualquer quantia necessária, desde que pudesse ter a certeza do perdão de seus pecados. A resposta do outro só aumentou seu desespero: “Sinto dizer, mas você chegou tarde demais. Agora não há nada que você possa fazer ou pagar para ter o perdão de seus pecados e a salvação eterna”. Mas seu desespero se dissipou quando ouviu o outro concluir: “Você chegou tarde porque o que precisava ser feito e pago já aconteceu há séculos. Na cruz do Calvário Cristo fez a obra da redenção e pagou ali por sua salvação. A você resta crer nele para ser salvo pela fé”.

Pedro disse  algo parecido a Cornélio e seus amigos, antes de crerem e receberem o selo do Espírito Santo como garantia da salvação. Disse Pedro: “Nós somos testemunhas de tudo o que ele [Jesus] fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que este é aquele a quem Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome.” (At 10:39-43).

Após repreender o vento e as ondas do mar, Jesus repreendeu os discípulos no barco: “Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?” (Mc 4:20). Então, se você me disser que ainda não tem a certeza do perdão de seus pecados, a questão é: “Ainda não tem fé?... Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8-9). Será que você está tentando pagar o que já foi pago?