domingo, 27 de novembro de 2016

De Adao a Cristo

Pedreiro

Leitura: Marcos 4:41

É difícil conceber uma imagem de maior desolação que a da “terra sem forma e vazia”, quando “trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.” (Gn 1:2). Tal desolação não fazia jus à perfeição de Deus, “que moldou a terra e a fez, ele a fundou; ele não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada” (Is 45:18). A queda dos anjos transtornou a Criação original, e tudo virou um caos.

Logo Deus prepararia a terra para um novo ser, macho e fêmea, aos quais chamaria de homem ou “Adão” (Gn 5:2). Mas a história se repetiu e, por causa da rebelião do homem, “as comportas do céu se abriram”(Gn 7:11) e Deus derramou um dilúvio de juízo sobre a terra. O juízo é uma obra estranha — ainda que necessária — a um Deus de amor cuja real intenção é “abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las” (Ml 3:10). Mas antes de ele abençoar, algo precisava ser feito em relação ao pecado que manchou a Criação.

Séculos mais tarde “abriram-se os céus” para o profeta Ezequiel, e este viu “uma figura que parecia um homem” (Ez 1:1, 26). No primeiro capítulo do Evangelho de Marcos você viu os céus se abrirem para Jesus, agora na terra, e ouviu a voz do Pai dizer: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Você viu também a terceira Pessoa da Trindade, “o Espírito descendo como pomba sobre ele” (Mc 1:9-11), antes de enviá-lo ao deserto para ser testado pelo diabo e provar ser impermeável ao pecado. Poucos anos mais tarde Estêvão, prestes a ser martirizado, diria: “Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus” (At 7:56). O capítulo 4 do Evangelho de Marcos termina com os discípulos de Jesus apavorados e perguntando uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4:41). Você sabe responder a esta pergunta, não sabe?

“Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas” (Ef 4:10), escreveria depois Paulo. Entre um evento e outro temos a cruz, quando das trevas de um céu fechado para o Filho de Deus caiu juízo. Se o “primeiro homem, Adão” falhou, o último Adão não podia falhar. “O primeiro homem era do pó da terra; o segundo Homem do céu”. Percebe que “os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial”“Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial”, pois “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível.” (1 Co 15:45-50).

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